Polifonias Singulares Vol.I
Lavoisier e Cantadeiras do Campo do Gerês

Lado A
Segadinhas
São João da Pontes
Moda das Malhadas
Fui escrever

Cantadeiras do Campo do Gerês
Ana Fonseca, Ana Pires Dias, Carmelita Pires,
Conceição Pires Ribeiro, Dores Carvalhal, Evelyne Mussons,
Eduarda Silva, Isac Dias, João Barroso,
Joana Barroso, Lúcia Dias, Miguel Silva

Gravação em Campo do Gerês – José Fortes
Mistura e masterização – José Fortes

Lado B
Segadinhas
São João da Pontes
Moda das Malhadas
Fui escrever

Lavoisier

Roberto Afonso – Voz, guitarra e baixo
Patrícia Relvas – Voz, percussões e eletrónicas

Composição, produção e gravação – Lavoisier
Mistura e masterização – Eduardo Vinhas

all rights reserved
2023

“Polifonias Singulares Vol.I”: o primeiro capítulo na busca do passado para construir um futuro no lugar-comum.
Não é um novo disco de Lavoisier. É, sim, o primeiro disco da série “Polifonias Singulares”, uma nova etapa no percurso de Patrícia Relvas e
Roberto Afonso que parte da investigação para a experimentação alicerçada na dicotomia entre o tradicional e o contemporâneo.

“A revolução cultural não é [eu] poder ir tocar a mais sítios; a revolução cultural é [eu] ir aos sítios e encontrar música de lá”, defendia José
Afonso. Alguns anos antes do início desta década, por intermédio de conhecidos, Patrícia e Roberto tiveram conhecimento da existência de um
grupo de cantares polifónicos, com mais de meio século de existência, em São João do Campo do Gerês, uma pequena aldeia situada no coração
do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Em 2020, a partir de um convite da Associação Cultural Rural Vivo, um coletivo formado por pessoas naturais e residentes na aldeia, foi-lhes
dada a oportunidade de conhecerem estas vozes perdidas no tempo de um Gerês místico e comunitarista. Reativadas pelo esforço comunitário e
pelo impulso da Associação, trouxeram de volta as suas polifonias escondidas do mundo, motivadas pela salvaguarda do património oral.
O grupo, hoje misto, outrora composto apenas por mulheres do Campo do Gerês, foi alvo da atenção — e de um único registo conhecido até hoje
— do compositor português Fernando Lopes-Graça e do etnomusicólogo corso Michel Giacometti, integrando o LP “Minho”, de 1964, incluído na
série Antologia Da Música Regional Portuguesa, Vol. III, editado por Arquivos Sonoros Portugueses. Não existindo uma formação ou estrutura
hierárquica delineada, o conhecimento do cancioneiro local foi-se transmitindo por tradição oral, de geração em geração, frequentemente
passado por mães, mas também por
familiares. Nos tempos antigos, impulsionadas pela musicalidade dos trabalhos comunitários e pelo quotidiano de proximidade com a música,
as mulheres cantadeiras e conhecedoras da riqueza do cancioneiro era em maior número.
Atualmente, nas Cantadeiras do Campo do Gerês, podemos contar com cerca de dez mulheres detentoras da sabedoria oral das gerações passadas. Em 2011, reagruparam-se para reavivar a importância do grupo, ato que culminou com uma participação no Festival Andanças.

(…) estão muito longe do lugar-comum, são mesmo o contrário de lugar-comum, na sua invulgaridade, na sua raridade como documentos
propostos à etnomusicologia, nas surpresas de vária ordem que oferecem à nossa curiosidade de conhecimento ou à nossa apetência de autenticidade.
Fernando Lopes-Graça, sobre o cancioneiro minhoto
in Antologia da Música Regional Portuguesa

É desse primeiro contacto com as Cantadeiras, em 2020, que Lavoisier sentiu a necessidade maior de gravar alguns destes cantares e registar o
potencial avassalador da sua transcendência artística. Olhando para o passado e para os trabalhos realizados por Virgílio Pereira e Gonçalo
Sampaio (Cancioneiro Minhoto), mais tarde analisados e reinterpretados por Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça, este álbum de carácter
distintivo representa o legado já deixado por todas estas visões, com o confronto de novas posições e pensamentos que nunca perderão a sua
importância, ainda que a presente realidade possa evocar novos paradigmas de análise à nossa música popular.

“Polifonias Singulares” é uma série de discos-ensaio que marca uma nova etapa no percurso de Lavoisier, fruto de investigação e da vontade de
conhecer, registar, partilhar e transformar, alicerçados na vontade de criar pontes entre o tradicional e a atualidade.
Neste primeiro volume da série, Lavoisier apresenta-se com o canto perdido das Cantadeiras do Campo do Gerês. Numa edição exclusiva em
formato vinil, limitada a 300 cópias, “Lavoisier & Cantadeiras do Campo do Gerês — Polifonias Singulares Vol.I” apresenta, de um lado, as vozes
das Cantadeiras do Campo do Gerês, registadas por José Fortes na Igreja de São João do Campo e, do outro, Lavoisier a recriar e a transformar
essas mesmas cantigas, para que não se percam.
Patrícia Relvas e Roberto Afonso formaram os Lavoisier, em 2012, com o objetivo de explorar as raízes tradicionais da música portuguesa, através
de uma guitarra elétrica e duas vozes. Desde então editaram já quatro álbuns – “Aí”, em 2022, “Miguel Torga por Lavoisier: Viagem a um Reino
Maravilhoso”, em 2019, “É Teu”, em 2017, e “Projeto 675”, no ano de 2014.

Lavoisier & Cantadeiras do Campo Do Gerês
Lado A
Segadinhas São João da Ponte Moda das Malhadas Fui Escrever
Lado B
Segadinhas São João da Ponte Moda das Malhadas Fui Escrever
Polifonias Singulares Vol.I

Lavoisier & Cantadeiras do Campo do Gerês — Polifonias Singulares Vol.I
tem o apoio da DGArtes / Ministério da Cultura da República Portuguesa

POLIFONIAS SINGULARES VOL.I
LAVOISIER E CANTADEIRAS DO CAMPO DO GERES

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