Eles não sabem a minha língua- Vinicius Terra

1- Máscaras de Azulejo (ft. Lavoisier)
2- O Cafuso (ft. Dino d’Santiago)
3- Eles Nāo Sabem a Minha Língua (ft. Azagaia, Mynda Guevara & Dexter) (Explícit)
4- Vidas em Português
5- Morabeza
6- Guetos 2.0 (ft. Karyna Gomes)
7- Pra Lusofonia…
8- Nasce um Novo Dia (ft. Maze, Keso, Denise & Goribeatzz)
9- Os Invisíveis (ft. Selma Uamusse)
10- Adamastor

Direção e produção musical: Gabriel Marinho
Direção artística: Vinicius Terra
Produção Executiva: Gabriel Marinho e Vinicius Terra
Gravação vozes: Doisef U-flow no estúdio Uflow Rj
Mixagem: Gabriel Marinho no Estúdio Ofá
Masterização: Luis Lopes no C4 Studio
Concepção de arte: Daniel Medeiros
Artesão / Adamastor: Thalles Yvson

Eles Não Sabem a Minha Língua by Vinicius Terra
Máscaras de Azulejo, Lavoisier ft Vinicius Terra

Lavoisier, Dino D’Santiago, Azagaia, Mynda’Guevara, Dexter, Karyna Gomes, Akira Presidente, CHS, Maze, Keso, Denise, Goribeatzz e Selma Uamusse. Vinicius Terra entrega uma obra que se passeia pelo boombap, trap, afrobeat, jazz rap ou o
spoken word bastante característico do carioca, com um objectivo concreto: a descolonização da palavra lusofonia. “Acredito que hoje os países, outrora colónias, influenciam muito mais a cultura portuguesa do que Portugal em si, daí a urgência em descolonizar o termo lusofonia como algo ditado pela ‘descobridora’”, explica. Seguindo uma linha temporal, o álbum narra
toda a história da língua portuguesa sob a óptica do rap desde o trovadorismo do século XII até o hip hop lusófono do século XXI, tendo a travessia como grande mote: “aquilo que chegou ao Brasil e nos transformou; aquilo que também se
perdeu na confusão do Atlântico e precisa ser retomado/remontado.”


__ E o que foi tragado na travessia do oceano? É uma certeza que afunda. Dúvida ancestral confusa… Profunda…
ELXS Ñ SABEM A MINHA LÍNGUA {…} está disponível nas plataformas digitais nesta sexta-feira, 13 de setembro de 2019. É um disco. É disco sobre amor às pessoas distantes e separadas por léguas. É uma obra feita por muitas cabeças pensantes de várias pontas de oceano… A meta é reconectar, ocupar e descolonizar de uma vez por todas tudo aquilo que nos afasta;
todo o retrocesso.

ELES NAO SABEM A MINHA LINGUA- MASCARAS DE AZULEJO

LETRA: VINICIUS TERRA MUSICA: LAVOISIER & V. TERRA

Sou a letra A
Última
Flor-do-Lácio, primeira a ver seus passos
Passeio, olhar no passo, teu seio alimento, embaraço
A bruxa na Inquisição, transportada à escravidão
A mucama a olhar pro chão, cruz, caravela, distorção
História mal contada, a roupa mal passada
Garganta amordaçada, carne estrangulada
Retalhada, calada, abafada, abusada, judiada, malvada, desejada, mal amada, mas
Eu sou aquela
Eu sou a fera
A trela, a outra, a cela
Índia, serra
Ásia, ilha, África, bela
Península, planície, praia, favela
Ela, Guarany, Tupy, Kaiwoá
À espera de quem nunca virá, nunca dirá, nunca amará
Areia, terra, água, mar, ar
Em falta, na boca de quem prova
Falta trova, rainha?
Eis aqui tua prova

A batalha é o meu canto
Enxugava o meu pranto
Embalava o meu sonho
Encantava o meu sono
A batalha é o meu canto
Enxugava o meu pranto
Embalava o meu sonho
Encantava o meu sono

Máscaras de azulejo escondem o desejo
Mamãe, não vejo no meio do cortejo rugas turvas, rua com defeito
Curva nua sinuosa, mas ainda é velado o preconceito
E que o ventre seja o espelho contrário a todo medo
Verdade-véu seja a sonoridade da sororidade
Vontade, signo da palavra igualdade
Florbela Espanca, Cora Coralina, Carolina de Jesus, Noêmia de Sousa
Alda Lara, Cecília Meireles, Filomena Embaló, Vimala Devi, Manoela Margarido
Sou sim, em si, em mim, em ti!
Sou todas as mulheres que li, ouvi, senti!
Sou cria das entranhas, filhas, irmãs
Rara rima, bandeira, poesia, novas manhãs!
Que o ventre seja o espelho contrário a todo medo
Embalava o meu sonho
Encantava o meu sono
Que o ventre seja o espelho contrário a todo medo
Embalava o meu sonho
Encantava o meu sono
A todo medo, a todo medo, a todo medo, contrário a todo medo
A todo medo, a todo medo, a todo medo, a todo medo, a todo medo