1. Aí
2. Brisas taciturnas
3. Campos de morangos para sempre
4. Frenesi
5. Gesto
6. Kilumba
7. Moda das Malhadas
8. Okerstrasse 19
9. Operaletária
10. Passeata
11. Trás-os-montes

‘Aí’ “é uma obra fonográfica que projetamos para fora daqui. Um lugar, um espaço idílico, uma utopia que se concretiza através de encontros e ações”. Fruto dessas ações, são percorridos onze passos, por diferentes continentes e geografias, onde surgem com uma nova linguagem retorcida, transformada e influenciada por outros gestos que não os seus, que ilustram o caminho a percorrer daqui até ‘Aí’.
Levados por fortes ligações emocionais, cabem muitos mundos neste novo álbum – o quase extinto grupo de cantares polifónicos Cantadeiras de São João do Campo do Gerês, o músico, compositor e ícone-vivo angolano Vum-Vum Kamusasadi, a nova música de São Paulo nas palavras da compositora e cineasta Ava Rocha, as linhas do contrabaixo de um dos mais importantes músicos do jazz nacional, Carlos Bica e a experiência do músico nórdico Casper Clausen. Querendo expor a união, a fusão e universalidade da música e da vida, onde o amor e tolerância são exaltadas ‘Aí’ “é um projeto de conexões fortes que contraria o medo apostando na aceitação, diversidade e pluralidade com que a arte nos consegue brindar.

Ficha técnica do álbum:
Aí, letra e composição: Lavoisier
Brisas taciturnas, letra e composição: Lavoisier
Campos de morangos para sempre, letra e composição: Lavoisier
Frenesi, letra e composição: Lavoisier letra: Ava Rocha, música: Lavoisier
Gesto, letra e composição: Lavoisier
Kilumba, Vum-Vum Kamusasadi música: Lavoisier
Moda das malhadas, música popular: cantadeiras do Campo do Gerês & Lavoisier
Okerstrasse 19, composição: Lavoisier letra e composição: Lavoisier
Operaletária,, letra e composição Lavoisier
Passeata, letra e composição: Lavoisier
Trás-os-montes, letra e composição: Lavoisier

Carlos Bica: contrabaixo nos temas Brisas taciturnas, Frenesi e Campos de morangos para sempre. Cantadeiras de São João do Campo do Gerês: coro polifónico no tema Moda das malhadas, Vum-Vum Kamusasadi: voz em Kilumba. João Ferro Martins: electrónicas no tema Operaletária. Pedro Miranda: saxofone barítono nos temas Operaletária, Passeata e Trás-os-montes.

Albano Neto: trompete, nos temas Operaletária, Passeata e Trás-os-montes. Petru Moroi: saxofone tenor nos temas Operaletária, Passeata e Trás-os-montes. João Correia: bateria nos temas Aí, Operaletária e Passeata. Casper Clausen: pré-produção nos temas Campos de morangos para sempre, Passeata e Trás-os-montes. Agustín Rivaldo: Electrónicas no tema Campos de morangos para sempre. Rodrigo Cary Carioca: caixa, agogô, tamborim, berimbau no tema Frenesi. Luciano Loureiro: pandeiro e surdo no tema Frenesi. Geo Cardoso: quica no tema Frenesi.

 

Artwork e design por Vera Gomes

Apoio:
Fundação GDA
SPA

parceiro institucional:
República Portuguesa – Ministério da Cultura

released March 22, 2022

Composição e produção por Lavoisier.
Lavoisier: Roberto Afonso: guitarra, baixo e voz, Patrícia Relvas: voz e percussão.
Gravações por José Fortes, Eduardo Vinhas, Nuno Simões.
Mistura por Eduardo Vinhas e masterização por Mário Barreiros.
© & 2022 Lavoisier.
license
all rights reserved

Aí, onde eu já vivi
De onde eu já sorri
certeza eu conheci, beleza eu cometi
Fracasso eu consenti
Na altura percebi
Como era diferente
Daqui
já não lembro o que vi
acaso deduzi
na dúvida menti
tristeza eu seduzi,
enfim…
Já nada faz sentido aqui

Agora que o perdi
fujo para longe daqui, daqui

E aí, daí caí
Caí aí daí
aí daí caí daí
E aí daí caí daí caí

Já sei, em cada passo que dei
seguro alcancei
vitória celebrei
no amor depositei
o que na sorte eu acertei
quantas voltas precisei
eu de percorrer
para gritar
eu sou daí

E aí daí caí
qual é
e aí daí caí
aí daí aí daí caí aí daí
aí daí caí aí caí caí

Enquanto houver ___ andar por aí
Mistério que esconde o segredo dos vis
Serei um de nós a valer por dois mil
Serei o terceiro a contar do Brasil
Serei como a flôr de saudades mil

Enquanto essa __ não passar por aqui
quisera eu saber quem eu nunca entendi
olhar para o fundo e saber….

O rio começa a lembrar o vazio
A estrada por trás do bilhete macio
arrisco a contar às vezes ao luar
em que amor me disseste
não adeus até já
eu sei lá, wunderbar,
meu amor volto já!

Tragar essa dor que o Buarque amassou
Sonhar esse sonho
que o amor nos deixou
Correr para ver
o dia a aparecer
o dia a amanhecer
o dia a entardecer
o dia a anoitecer

Sofrer para não ter medo de
sofrer para não ter de morrer
Saber que o vazio no corpo macio
É saber entender que ___ é viver
É saber entender que não há que temer

Mostro montes, tu duvidas
Oh maravilhas! quantas eu já dei,
ao meu bem
que me afoguei
ao engolir água, ar, dente postiço
na proa eriço
o beijo caído

Mas…
rumo aos pedaços para ao pé dos meus amores
a todos eles
que me arranham a pele, puxam-me a língua
rasgam-me o corpo aos pedaços

para ao pé dos meus amores,
para ao pé  dos meus…

Descubro mentes
destapo os dentes

Beijar pra ver o mar
E A tarde cai
Não tarde pra encontrar
o sol
Tão lindo e Livre
pela beira da estrada vai
Vou neste mundo
tão louco a queimar

Uma estrada se abrirá
Com a noite
que,
neste mundo quente,
nasce
arrebenta

Onde
tudo é frenesi
E caem em
lágrimas se derramam
ondas
….sob a lua acesa

Cai dos olhos
a estrela
Vem me beijar ,

Beijar
o mar
Nesse mundo louco
Na penumbra

Nas águas, nas ondas, nos olhos
Na alma

Nos olhos líquidos de yemanja

Beija a mãe, beija a mãe
Beija o mar
Beija beija a mãe
…..beija

Não há ser como há o gesto
nem certeza que não certo

Ainda que não, possas dizer que não

Nessa canção ele vai aparecer
nessa tensão ele tende a esmorecer

Só pode aparecer quando começar
a doer…

No gesto que ela fez
prendeu o olhar e o tempo deixou de existir!

No seu jeito enternecedor
eu morro impregnado de dor
no seu gesto madrugador,
acorda já cheguei amor

Só pode aparecer, quando começar
a doer…

Fiz-me em teu dorso
curtido na planura da Kissama,
arco e zagaia, porrinho na mão
zarpei
Kuanhama guerrilheiro sem medo,
no resgate de minha emancipação
delimitado no ventre do teu chão
Adorno
à juba da tua púbis-rosa
deixei o meu talismã
da guerra minha da Gorongoza
que destemido me fez
de lés a lés
Kuanhama guerrilheiro sem medo
no resgate de minha emancipação
delimitado no ventre do teu chão;
e nessa esteira
prenhe do cio da terra
que tuas mãos entrançou
com tesão e macumba,
conquistador fui da minha guerra:
no repasto à fome e apetites
do teu ventre de Kilumba.

-doxos versus paradoxos-

O que que eu escrevo,
eu sei,
não é bem poesia;
apenas
um alinhavo de palavras
que
subtilmente me ocorrem
no acontecer de cada dia,
para dizer dialogando
e duma forma diferente,
o que sempre tenho dito
musicalmente falando
por via dos meus versos
doxos versus paradoxos,
inverso do “preto”
politicamente correcto.
O que eu escrevo
eu sei,
que me desculpem a ousadia:
não é bem poesia.

Pão, pão por perto
na manhã escura ao vento vou dizendo
que o que me traz vou mordendo
Pão por perto, tão perto
doce devaneio
Pão por perto, tão perto o pão
tão de perto

por meio de carvalhos, plátanos,
vamos
dormindo nos ramos dos sonhos líquidos
desejando
que o vento passe por mim

Na manhã escura
o pão por perto
vou mordendo…

E desejando
olhando para o bright side of the moon
colhendo o que o dia perfaz na bruma da hora,
a vida Vai!
Vai-se tão perto, o pão tão de perto
Tão perto o pão
pão perto
o Pão tão de perto!

Atrás do mundo vem o frio racha-te a mona só mais um cibinho Fragas, rendas, bouças, vozes, nozes Por trás os montes há-de haver quem lá te ache a graça há-de haver quem lá te saiba a graça trás os montes à tua beira atrás dos tempo vem a ideia Lá do alto da cidadelha a guicha presa ao castanheiro no devaneio. A tourina parada o tempo grita ,a fome mata a força alcança Lá bem longe oré Lá bem longe… Trás os montes à tua beira atrás dos tempos vem a ideia Lá atrás do mundo cultivasse o sossego vindos de nôte ora dai-la-dou

Se a burguesia fartasse
era mais fácil comer
Se a burguesia cantasse
era mais fácil ceder

Se a fantasia
idolatria
feitiçaria
maquinaria
macumbaria
engenharia
pontaria
alegria
tirania
magia

puxasse
parasse
existisse
abrandasse
curasse
partilhasse
falhasse
espalhasse
morresse
acontecesse
Era tão fácil!

Se a burguesia mirra-se
era mais fácil crescer

Se a
burguesia
porcaria
misericórdia
culpa
classe
patronato
dor
amor
mesquenhice
demagogia

engolisse
expirasse
enjoasse
evaporasse
desistisse
deixasse
aumentasse
agarrasse
saltasse
murchasse
Era tão fácil!

Se a burguesia matasse
era mais fácil morrer