1. Intro
2. Durme
3.Sra. do Almortão
4.Alecrim
5.A machadinha
6.Maria Faia
7.Sra. do Almurtão

Arranjos e produção por Lavoisier
Captação de som e mistura por José Fortes
Design gráfico por Lavoisier e Camafiro com o apoio da:
DOT Design Original Things


Edição de autor, limitada a 675 cópias.
& © 2014 Lavoisier

“Em 1959, José Fortes decidiu o seu futuro. Nas suas palavras: “Sempre tentei captar as emoções que me chegavam através do som”. E é o que tem feito desde então, para bem da música portuguesa! Em diversas ocasiões conversei com a Patrícia e com o Roberto acerca do mítico José Fortes, por variadas razões mas sempre com extrema admiração e reconhecimento – pela sua atitude enquanto técnico e pelo legado único na história da gravação sonora em Portugal. Em determinada altura tive a certeza de que os Lavoisier e o José Fortes deveriam encontrar-se para experimentarem trabalhar juntos. E numa certa tarde de Fevereiro de 2013, lá fomos nós os três – cada um com a sua dose de ansiedade e entusiasmo – ter com ele ao Vilar, perto do Cadaval.

O que era suposto ser uma experiência curta no tempo, acabou por durar alguns meses, à medida que foram descobrindo que o que os aproximava ia muito além do amor pela música: um profundo respeito pelo passado e pelas tradições de Portugal, um rigor e empenho sem limites. Para eles, o som/música é um devir contínuo, em transformação, para que nada se perca e possa perpetuar-se, ainda que sob diferentes formas. Quando na régie se carrega num botão para dizer “Está gravar!”, os Lavoisier transformam em arte uma energia que é só deles mas que é urgente descobrir.
As suas visões sobre a tradição ultrapassam os conceitos e assumem uma dinâmica própria,num movimento perpétuo, estabelecendo novos paradigmas e formas na música Portuguesa.”

Miguel Augusto Silva

PROJECTO 675

POESIA POPULAR

Durme, durme querido hijico.
Durme, durme sin ansia ni dolor.
Cierra tus luzyos ojitos,
Durme, durme con savor.
Cierra tus luzyos ojitos,
Durme, durme con savor.

De la cuna saliras,
y a la scola entraras
y tu allí mi querido hijico
a meldar t’ ambezarás.
y tu allí mi querido hijico

Durme, durme querido hijico.
Durme, durme sin ansia ni dolor.
Cierra tus luzyos ojitos,
Durme, durme con savor.
Cierra tus luzyos ojitos,
Durme, durme con savor.

De la scola saliras,
Novia hermosa tomaras
y entonces querido hijico
criaturas tiniras.
y entonces querido hijico
criaturas tiniras.

Sephardic Folk

Senhora do Almortão
ó minha linda raiana
virai costas a Castela
não queirais ser castelhana

Senhora do Almortão
a vossa capela cheira
cheira a cravos, cheira a rosas
cheira a flor de laranjeira

senhora do Almortão
eu pró ano não prometo
que me morreu o amor
ando vestida de preto

Popular, Beira Baixa

Alecrim, alecrim doirado
que nasce no monte sem ser semeado.

Ai, meu amor, quem te disse a ti
que a flor do monte era o alecrim?

Alecrim, alecrim aos molhos
por causa de ti choram os meus olhos.

Ai, meu amor, quem te disse a ti
que a flor do monte era o alecrim?

infantil popular

Lírios, já não, que me parecem luzes
De luto.
Rosas, pior, que são a burguesia
Das flores
No apogeu.
Tojos arnais, apenas.
Cilícios vegetais
Sobre a fonte de quem
Tem nojo das carícias do presente.
Tojos arnais, até que possa alguém
Ser poeta e ser gente.

Miguel Torga in Cântico do Homem, 1950

Eu não sei como te chamas
Oh Maria Faia
Nem que nome te hei-de eu pôr
Oh Maria Faia oh Faia Maria
Cravo não que tu és rosa
Oh Maria Faia
Rosa não que tu és flor
Oh Maria Faia oh Faia Maria
Não te quero chamar cravo
Que te estou a engrandecer
Chamo-te antes espelho
Onde espero de me ver
O meu abalou
Deu-me uma linda despedida
Abarcou-me a mão direita
Adeus oh prenda querida

popular, Mapica do Tejo

Sra. do Almurtão qu’inda haja quem nos vai ver

E às casadas largos anos

Ou solteiras vão viver

E ás vivuvas paciência

Porão há vir a sofrer

Sra. do almurtão por lá vou eu andando

Minha boca se vai rindo

E os meus olhos vão chorando

popular, Idanha-a-nova